segunda-feira, 9 de agosto de 2010

FAMÍLIA - Paternidade tardia colhe os benefícios da vivência e estabilidade

Mas ser pai depois dos 50 também exige participação ativa na vida dos filhos

Tem idade certa para ser pai? Segundo os dados do IBGE, têm aumentado o número de homens que se tornam pais após os 40 anos, seja pela primeira vez ou não. Para os homens, tornar-se pai depois dos 50 pode ser uma experiência ainda mais rica e realizadora. Nesta fase, o homem normalmente já alcançou certa estabilidade, o que pode representar mais tempo para se dedicar a família. E se o homem já tem outros filhos mais velhos, lidar com esta nova velha realidade tem gosto de descoberta.

Segundo a psicoterapeuta familiar e de casais Eroy Aparecida da Silva, pesquisadora da Universidade Federal de São Paulo, o que está em questão é o momento da vida deste pai, a relação com sua companheira e a decisão de ter o filho. "O homem, diferentemente da mulher, não tem a fertilidade interrompida com o avanço da idade. O que se sabe é que existe um declínio do volume de esperma produzido, mas isso não está diretamente relacionado a vida fértil masculina", explica a pesquisadora.

Paternidade tardia

As razões para que ter filhos na maturidade podem ser muitas. Para Eroy, os principais agentes podem ser desde separações seguidas, casamentos com outros cônjuges e até pela simples decisão de constituir ou ver crescer a família depois de certa idade.

O corretor de imóveis Paulo Roberto Correa, 60 anos, teve a alegria da chegada do pequeno Márcio aos 56 anos de idade, quando já era pai de dois filhos, Paulinho de 20 anos e Pâmela de 13. Ele diz que a alegria foi imensa, mesmo sem esperar a chegada deste novo integrante da família. "É um pouco diferente, até porque não sou mais marinheiro de primeira viagem. Mas foi muito natural, não foi planejado. Foi a raspa do tacho, é nosso xodó dentro de casa", brinca Paulo.

Segundo a psicoterapeuta, o ciclo familiar, normalmente acompanha o ciclo vital individual. Em geral, a vida adulta jovem se situa entre os 20 e 35 anos, já a vida adulta madura gira em torno dos 36 aos 55 anos. "A idade está socialmente atribuída às tarefas e papéis dos ciclos da vida", explica a especialista.

No entanto, para Eroy, a paternidade está muito mais relacionada ao desejo e satisfação de ter um filho do que com a idade cronológica do homem. "Ser pai aos 25 e aos 50 anos é diferente. O jovem, aos 25, de maneira geral, está em fase inicial de carreira e com vários desafios. Diferente do homem que aos 50 anos já está com a carreira consolidada e a vida financeira mais organizada", esclarece a terapeuta.

A emoção de ser pai novamente

Para o homem mais experiente, a paternidade tardia pode fazer renascer uma série de emoções. Desde o nascimento até a divisão de tarefas diárias nos cuidados com a criança vão auxiliar no processo de assimilação da nova situação. "Trato o Márcio assim como criei os mais velhos, com muito amor e carinho", conta Paulo Roberto.

As mudanças decorrentes da modernidade, com os pais participando na formação da vida afetiva dos filhos tanto quanto as mães e o aumento da expectativa de vida, têm proporcionado ao homem a revisão de seus valores. A paternidade tardia pode trazer benefícios tanto para o pai como para o filho, como por exemplo, estar mais presente em situações simples como levar e buscar o filho na escola, participar de reuniões pedagógicas ou até mesmo reaprender a brincar. "O estereótipo de que o homem está velho para ser pai, ou mesmo que não terá convivência suficiente com o filho está se modificando", explica Eroy.

Apesar da segurança de já ter criado outros dois filhos dar a Paulo Roberto subsídios para criar seu caçula com traquilidade, ele revela que mesmo assim tem preocupações. "Por já ter certa idade, receio não poder ver ele crescer e não completar a sua educação como pude fazer com os outros", revela o corretor.

Autoridade independe da idade

Um pai na fase mais madura da vida, certamente já vivenciou mais experiências ao longo de sua vida, porém isto não quer dizer necessariamente que será um pai mais compreensivo e seguro. Segundo Eroy, o mesmo vale ao analisar se as atitudes dos pais podem ser mais passivas em relação às atitudes dos filhos. "Isso independe da idade do pai. O mais importante é ter habilidade para lidar com a disciplina em qualquer fase da paternidade", explica a psicoterapeuta.

Por: Vitor Valencio

Fonte: Minha Vida

Postado por Juliana Simioni


Via: www.guiame.com.br

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